O projeto está localizado no Eusébio, em um terreno de 1200 m² presente na área comercial do empreendimento Cidade Alpha, um novo bairro que emerge como um símbolo do forte crescimento econômico da Região Metropolitana de Fortaleza. Formado por vários condomínios fechados que se unem em um grande complexo, o empreendimento tem como forte característica o isolamento e o incentivo ao modelo do carro como solução para o transporte das famílias entre os setores sendo comum que as casas construídas prevejam mais de 2 vagas de garagem. Por outro lado, a existência de uma urbanização satisfatória promovida pela empresa Alphaville, a qual investiu em calçadas bem pavimentadas e ciclovias, juntamente com a própria implantação central e linear da áreas comerciais criam a possibilidade de existência de um fluxo de pessoas entre os pontos de controle de acesso das área residenciais privadas e o setor comercial.
Essa análise conflitante. a qual aponta tanto para um cenário futuro com a existência de uma enorme frota automobilística quanto para outro onde existe a possibilidade de integração peatonal entre os condomínios e a nova área comercial, é o ponto de partida para a elaboração do programa do edifício. O partido do projeto nasce exatamente deste cenário ao se desenvolver como uma solução formal para compatibilizar a coexistência de dois programas: um posto de gasolina já visando a demanda da crescente frota e um prédio comercial de escritórios voltados para profissionais liberais que virão a morar nos condomínios próximos e poderão se deslocar a pé ao trabalho. No térreo, o conjunto abriga, dentro do programa do posto, uma loja de conveniência de grande porte que conta com mezanino e intenciona funcionar como um mercado de primeiras necessidades. Já o prédio de escritórios possui uma diferenciação funcional nos seus dois primeiros andares sendo estes livres de divisão, podendo ser alugados completamente por uma mesma empresa. Os outros andares, ao contrário, contam com uma subdivisão em salas já prevendo a sua pós-ocupação por escritórios ou consultórios médicos. A laje de cobertura é aproveitada como um terraço e coberta por uma estrutura metálica e servida por uma copa de apoio funcionando como o primeiro rooftop da região.
Ao analisarmos a cobertura proposta para o posto, o arquiteto faz referência à sua obra passada, a rodoviária de Fortaleza, ao invocar o geometrismo do seu paraboloide hiperbólico e o pioneirismo estrutural propondo uma solução de coberta arrojada que toca o chão em apenas dois pontos. Esta solução se torna possível devido ao uso de uma treliça metálica amarrada por cabos radiais que cria uma espécie de gaiola estrutural a qual surge como uma forma escultural que se relaciona com o volume da loja de conveniência e do prédio de escritórios. Esse volume se desenvolve a partir de uma estrutura de concreto que é formada por um sistema de paredes duplas que compõem duas das faces do edifício. O sistema se divide em uma estrutura permeada de janelas quadradas que suporta uma série de jardineiras suspensas, as quais estão distantes do prédio 40 cm e são abastecidas por um sistema próprio de irrigação por meio de pingadeiras. As fachadas internas contam com aberturas livres de vidro, estando a estrutura do prédio separada da vedação. Por fim, coroando o projeto no rooftop, a coberta é construída por meio de arcos metálicos tubulares unidos por cabos de aço fazendo o uso de um intenso geometrismo e se comunicando por meio deste e do seu material com a coberta do posto.