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Marrocos Aragão
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De formato excêntrico e triangular, o terreno escolhido para o projeto era considerado um investimento perdido na região do Eusébio, até que a construção de um centro de compras de grande porte no lote vizinho, em meados de 2017, acabou por redefinir as expectativas do proprietário para o lote. Fruto de um boom comercial em curso na região, o novo fluxo econômico acabou por viabilizar a construção no pequeno lote, o qual passou a ser visado por empreendedores da área do varejo, os quais intencionavam implementar serviços no local que pudessem complementar o mix de serviços oferecidos pelo shopping vizinho e, em consequência, absorver parte da dinamização econômica gerada.

Diante da demanda, é proposto um pequeno edifício que tem como objetivo possibilitar a criação de um espaço de vendas a partir de dois pontos comerciais de 150 e 100 metros quadrados respectivamente, ambos com fachadas viradas para a avenida. Para tal, o arquiteto faz o uso de uma linguagem mínima, fazendo uma opção por revestimentos que negam a cor e dando foco a uma fachada extremamente marcada pela modulação da planta. Para entender o edifício em sua forma precisamos considerar que, se apenas obedecermos os recuos sugeridos pela legislação, a lógica de construção sugere um edifício triangular assim como o seu lote. Porém, esse primeiro ímpeto projetual entra em contraste com a lógica racionalista vigente na construção civil atual, pois gera espaços internos triangulares permeados por angulações, as quais demandam um mobiliário especializado ou reduzido. Partindo deste problema, uma outra solução óbvia seria criar espaços ortogonais e regulares dentro do volume triangular sugerido, porém essa opção também acabaria indo contra a lógica da construção pois criaria enormes espaços (ou paredes bem grossas) entre os cômodos, espaços estes que roubariam a área útil do edifício.

Encurralado com o dilema, o arquiteto Luciano Marrocos Aragão acaba por perseguir uma terceira opção ao fazer uso da modulação, uma lógica já explorada décadas atrás no seu icônico projeto da rodoviária de Fortaleza. Deste modo, o arquiteto cria um módulo quadrado de 5 metros por 5 metros, o qual usa para preencher o terreno triangular o máximo possível. É desta expressão racionalista da prática arquitetônica, a qual tenta ao máximo aproveitar o recurso da terra urbana sem prejudicar o fácil funcionamento (e compartimentação interna) das lojas, que deriva o volume do projeto, o qual se configura como um monólito recortado em padrão zigue-zague. Essa solução funcional aumenta a área de exposição da fachada, além de sugerir a arrojada volumetria que é complementada por claraboias de iluminação instaladas no topo do conjunto. Os módulos espaciais são divididos entre as duas compartimentações de loja de modo a segmentar o espaço interno que se afunila e contrasta com a entrada iluminada do conjunto.