O projeto está localizado no Eusébio, em um terreno de 500 m² presente na área comercial do empreendimento Cidade Alpha, um novo bairro que emerge como um símbolo do forte crescimento econômico da Região Metropolitana de Fortaleza. Formado por uma sequência de condomínios fechados, o empreendimento, que irá ocupar um terço da área do município do Eusébio, vem passando a abrigar uma população que, embora se configure como de alta renda, ainda encontra dificuldades para ter acesso à comércio e serviços de nível similar a outros bairros de Fortaleza.
Nessa contexto de rápida instalação e de grande demanda, o edifício consiste em um pequeno centro comercial com aproximadamente 1000 m² de área construída formado por uma associação de diversos containers semelhantes aos containers marítimos usados para transporte de mercadorias, embora os usados no projeto não sejam fruto de um reuso. Para além do paradigma da reutilização das sobras do setor logístico, esse sistema construtivo foi escolhido mais devido a possibilidade de transferir o trabalho que seria realizado na obra por uma mão de obra menos especializada para um momento a priori, a ser realizado dentro de fábricas que produzirão os módulos/containers já com sua estrutura, instalações elétricas e revestimentos concluídos. Neste modelo, o momento da obra se concentra na disponibilização de infra-estrutura e na construção das fundação que receberão o edifício, cujo a montagem pode ser feita de maneira muito mais rápida que no sistema construtivo tradicional sendo, em alguns casos, possível fazer subir o prédio em uma tarde.
Superando os dogmas de uma arquitetura efêmera, o arquiteto compõe os módulos de modo a criar dois espaços perenes principais que organizam todo o acesso ao edifício: um pátio central e uma varanda linear. O primeiro age como hall de entrada e acesso para as lojas inferiores servindo também como área de convivência. Já a varanda linear, criada sobre a fileira de containers do andar inferior, tem como objetivo, além de servir de acesso para as lojas superiores, abrigar mesas para restaurantes, bares e outros serviços mais ligados ao entretenimento, os quais estarão preferencialmente instalados no segundo andar. Por fim, a fachada principal é formada por uma composição de chapas perfuradas retangulares e triangulares que servem como abrigo para trepadeiras, as quais devem integrar o verde à linguagem industrial do edifício. Projetado pelo próprio fundador do escritório, arquiteto atuante no estado há mais de 50 anos, essa obra representa um diálogo entre as práticas modernistas tradicionais e os novos caminhos traçados pelos arquitetos em um mundo pós-brasília.